Dispositivo video-esferas : Agua de Prata

Criação de um dispositivo multimedia.

Depois de um desafio, um processo de consciencialização.
Uma procura de significados que construam o discurso emocional.
Dessa luz, dessa perceção ou dessa fantasia sairá informação.

Desafio : – Expressar a repercussão da presença da água no período tardo-medieval em Évora.

Surge a questão : Como perceciono eu (nós?) o período medieval?
Um espaço-tempo que nos chega através de obras de arte e documentação segmentada por versões que retratam quase apenas questões pontuais.
Fragmentos de vidas de gerações distantes. Fragmentos.

Água : Elemento, indispensável, atmosfera, trabalho, mecânica, valor, saúde, vida. H2O : Três moléculas.
Valores chave que me levam o pensamento para uma força que tudo une, que aproxima e fixa os seres. Ciclo-relação. Ciclo.

O processo levou-me a imaginar um dispositivo que pudesse conter e transmitir esta informação emocional. Não interessa descrever mais pormenores do processo criativo, até porque já nem sei concretizar etapas mas de alguma forma a ideia de uma ilusão de ótica usando vidro ou espelhos pareceu-me potencial pela relação de textura com a água.

Cheguei a uma montra, de onde prevalecesse a sensação de mistério que a distância temporal face ao tempo medieval nos impõe.
As três moléculas foram argumento para encontrar três elementos chave da existência humana: Perceção (texturas), consciência (informação), obra (arte).
Três esferas de vídeo.
A ilusão de ótica criada com jogo de espelhos seria a de um interior de uma suposta cisterna, ambiente de alvenaria e humidade feito com uma imagem de parede amuralhada em escala real. Fotografada num dia de chuva junto ao aqueduto da água de Prata.

O sistema de projeção foi conseguido com um video-projetor de curta distância.
O vídeo e som são transmitidos por um microcomputador (raspberry pi 3b) programado para agir como player ininterrupto, que serviu também para a emissão da sonoplastia criada por mim para a acústica da exposição.

Deixo umas imagens do processo de planificação e construção.

 

Espelho superior
jogo de espelhos
estrutura interior com esferas e projetor

 

simulação 3D para apuro

 

plano interior

 

medidas interior

 

Corte das esferas
montagem do espelho
afinação do mapeamento video
afinação dos espelhos interiores

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Agradeço a Dra. Cármen Almeida (Chefe de Divisão de Cultura da CME) pelo desafio que me fez e que me honra com a possibilidade de participação na notável exposição que organizaram.*
Ao Arq. Carlos Almeida, Sr. Joaquim Almeida da C.M. de Évora.
Sr. João da Vidromor. Luís Farias da DacPublicidade.

 

* “O Aqueduto da Água de Prata e o Património Hidraulico em Évora”, Convento dos Remédios Março a Outubro de 2018.

 

vmapping – água da prata / s. joão 2016

Instalação pelo Departamento de Artes da Universidade e pela Divisão de Cultura do Município de Évora.
Efeméride Évora – 30 Anos Património Mundial integrado na feira de S. João 2016.

Acrílicos: Afonso Pinto, Ana Rita Silva, Beatriz Agria, Diana Rogagels, Diogo Silva e Inês Gomes
Arte generativa: André Rocha, Gonçalo César Pereira e João Bacelar.
Orientação: professoras Teresa Furtado e Paula Reaes Pinto
Produção técnica: João Bacelar (B3B, Lda) e CME.
Produção executiva: Cármen Almeida da Divisão de Cultura e Património do Município de Évora.
openframeworks, processing, cinema4D, VTP
Música: Ulf Enhorning, J Bacelar.

A temática foi relacionada com a presença do (ou de um) aqueduto em Évora ao longo dos séculos. A imagética humanizada em acrílico que reporta para tempos passados é completada por movimentos de grafismos contemporâneos, segmentos video e generativos que provocam reflexos dos tempos tecnológicos.

Planta de instalação
Estrutura montada
Pormenor de montagem