O pensamento e o saber pode destruir uma peça de arte mas pode também elevá-la a pedestal de gigante.
Categoria: pensamento
Reflexões sobre as artes e a ação política através da comunicação artística.
Arte que Mexe – Oficina de artes digitais Interativas
Para esta oficina foi programado trabalho com exemplos baseados em código aberto, software livre e plataformas de hardware livre. Inicialmente pensado para Processing e Raspberry Pi Arduino mas depressa se percebeu que só haveria tempo para abordar Processing. Cada oficina consistiu de dois tempos lectivos com intervalo.
Os alunos já têm aulas de programação por objeto com base em UBBU o que facilita a ponte de ligação entre plataformas.
Os alunos assistem e experimentam. Explicação ilustrada de funcionamento, construção de um sketch básico com formas, cores, criação de um objeto, movimento e condições, interatividade com webcam.
Pretende-se motivar para as artes dos novos media mostrando possibilidades fáceis e acessíveis à realidade dos alunos.
Os alunos ficaram com uma obra gráfica produzida por si resultante da sua participação.
Foram programadas 6 oficinas para 6 turmas.
Inscrição automática para alunos de Programação e Robótica do 5º ano, neste caso na Escola André de Resende.
A oficina inseriu-se no programa Artes à Escola 2020 da Câmara Municipal de Évora

O plano que preparei consiste na apresentação inicial de exemplos de trabalho que tenho feito sobretudo com Processing, OpenFrameWorks e VPT (obviamente há mais software e equipamento envolvido). Descrição da performance no Cante Acusmático de Pias no sentido de elucidar o plano técnico de captação de imagem, assim como outros exemplos que pudemos ver em funcionamento como as Janelas e o Mapping das Águas de Prata.
Alguma teoria de arte, tentando ligar oportunamente aspetos da arte generativa a estéticas presentes na história das artes.

No primeiro tempo a exposição prática baseou-se na construção passo a passo de um sketch mostrando a ligação com matérias que os alunos já conhecem de formação escolar. Fomos levantando em conjunto um quadro com um objeto que terminou a mover-se sozinho, interagindo com os limites da tela e com os valores do rato. Ajudaram a construir e pôr em funcionamento esta estrutura física baseada na soma, na subtração, multiplicação e inversão de valores de negativo para positivo (inversão de direção) com base em condições simples. Abordámos também os valores de côr por adição em sistema RGB.
Deixo aqui algumas notas de resumo e o sketch que foi construído passo a passo na oficina para algum aluno que queira.
sketch_EA202t0_PingPong_ex.pde
- Conceito de programação por objeto e biblioteca de classes
- Funções iniciais: Setup e Draw
- As coordenadas cartesianas
- width, height, tamanho ecrã, proporção com divisor /2 /3, etc
- Formas simples – rectângulo, elipse, sistema de coordenadas cartesiano.
- Variáveis decimais e inteiras
- Condições IF, maior e menor.
A julgar pela forma como os alunos foram participando penso que estes conteúdos foram facilmente percebidos pelos jovens, havendo até informação que não tinha sido lecionada ainda como o sistema de cor aditiva, RGB, os números negativos e o sistema cartesiano.
Como cada oficina foi proposta para dois tempos de 50 minutos por turma, nesta primeira introdução teórica não se conseguiria adicionar mais matéria. Tento sempre apresentar esta informação convidando a participação dos alunos para que se não torne numa exposição massuda e passiva, julgo que tem resultado, pelo menos para estes tempos.

A segunda parte da oficina consistiu na experimentação de alguns sketches demonstrando funções de arte generativa e interativa que adaptei para interação óptica. Usei deteção de contraste e deteção de brilho, formas de deteção mais simples, e a partir da imagem da webcam os alunos interagiram com partículas, cores e formas, geradores de caracteres e processamento de imagem. Foi objetivo que cada aluno produzisse pelo menos uma obra, o que foi praticamente atingido excepto nalguns casos que formaram imagens em grupo ou alguns jovens que não quiseram (3).
Algumas das bibliotecas utilizadas nos exercícios práticos:
ControlP5 : Para criação de interface gráfico
CVImage: Utilização de visão computacional.
PeasyCam: controlo de câmera virtual através do rato.
PixelFlow: computação para física de fluidos e SoftBody dynamics…
Video: Acesso à webcam
ToxicLibs: simulação de física de forças.
Conclusões.
Penso que grande parte dos alunos do 5º ano estão obviamente entusiasmados com as tecnologias, talvez por isso parecem mover interesse para a programação. Pelo facto da sua capacidade de concentração em matéria teórica ser diminuta pareceu-me que o desafio está nas mãos do professor adaptar o programa da aula para que se alterne entre aprendizagem passiva e ativa de forma a rentabiliza melhor o tempo de concentração dos alunos.
Inicialmente, nomeadamente na primeira sessão, os tempos da oficina não foram bem apurados o que levou a alguma indisciplina e desatenção por parte dos alunos, sobretudo no final da primeira parte. Nas seguintes sessões fiz com que a exposição fosse sempre com a colaboração dos jovens e correu melhor.
Escolhi o 5º ano para esta oficina porque o programa escolar prevê já para esta fase a aprendizagem da lógica da programação orientada ao objeto e estas oficinas práticas podem ajudar na percepção do fácil alcance com base na motivação fora do âmbito escolar obrigatório. As plataformas de programação criadas para as artes são fáceis de utilizar e pertencem a uma realidade colaboracionista de código aberto e as comunidades online promovem o auto-desenvolvimento. Além disso servem não só as artes como se estendem à protótipagem nas mais variadas áreas de conhecimento. Através das aplicações gráficas o estudante pode visualizar o funcionamento da matemática e da física. Etc…

Usei dois computadores, um para o processo de programação e controlo e outro para transmitir o ecrã com a programação. Dois projetores de vídeo, uma webcam e respectiva iluminação.
O meu agradecimento a todo o pessoal escolar que apoiou sem reservas e sempre disponíveis, às professoras Lina Bolas e Carmen Alvalade que coordenaram a agenda na escola.
Obrigado ao pessoal da CME que fomentam, apoiam e acompanharam o processo destas oficinas, nomeadamente Susana Russo e Rosário Fernandes.
Acho que foi uma valiosa experiência, os alunos mostraram-se interessados e no final de cada sessão ouve alunos a pedirem-me informação sobre a plataforma online o que me deixou uma particular satisfação.
links úteis:
Oficina de videomapping na Escola Sec. Gabriel Pereira
Tecnologias multimédia com intervenções plásticas.
13 Março 2019
Na sequência da apresentação do evento “O Cante Acusmático de Pias” com videomapping sobre a fachada da Igreja do Salvador, na abertura do Artes à Rua (12 Julho 2018) experimentou-se uma performance com recurso a artes plásticas tradicionais para provir a intervenção multimédia de um cariz orgânico. Resultou numa dinâmica de ação em tempo real, verdadeira intervenção performática que aproxima a multimédia, condicionada no seu universo digital, programático e virtualista do campo do humano, improvisado e emocional.
Na continuação da nossa ação artística achamos essencial transmitir esta prática para que se possa chegar a novas formas na mão de outros, o que nos traz a esta oficina por resposta ao projeto de Cidade Educadora do Artes à Escola, o qual esperamos que seja bastante frutífero.
Neste dia, alguns professores e alunos dos cursos de artes receberam-nos e tivémos a alegria de partilhar conhecimento e experimentar novas formas de expressão.
Equipamentos que usámos no videomapping com mesa de intervenção plástica:
- Camera DSRL ( Canon 550D – ligação a computador USB)
- Tripé ou estrutura que permita fixação vertical da câmera sobre amesa
- Computador com saída extra de monitor (usámos um macbook)
- Camera Live : Software para streaming de cameras (mac)
- syphon : Programa para transmissão de imagem live entre aplicações
- Camtwist : Software para efeitos vídeo em tempo real
- VPT : software de mapeamento e controlo video (com fundos de imagem, video, syphon)
- Mesa com área para performance plástica
- Iluminação de 2 lados, de luz branca (+6,000 k)
- Projector vídeo (10.000 lumens p evento) (4.500 lm paraensaios) lentes de acordo com a distância de projeção (Throw ratio)
Ficámos muito satisfeitos com o interesse e imaginação do grupo de alunos que participou na oficina. Na introdução teórica pudemos descrever a nossa missiva de experimentação que se baseia na procura de orgânicas plásticas nas formas tecnológicas e digitais de fazer a arte. Foi descrita com algum pormenor o método que elaborámos e a ‘paraphernalia’ tecnológica com a sua sequência de ligações.
Alguma abordagem teórica em relação à história deste tipo de arte permofática, nomeadamente em relação ao universo local que também tem tido os seus artistas que acompanharam a par movimentos artísticos fora de fronteiras.
Da experimentação resultaram quadros visuais bastante interessantes, utilizando meios tão distintos como do acrílico à tinta de alcool, papel, óleos sobre água, projeção corporal ou sobre um pequeno cenário montado com diferentes volumetrias. As imagens são processadas em tempo real o que permite variações sobre as composições gráficas produzidas. É um trabalho que só funciona no seu pleno se for participativo. Estimula a sincronia entre atuações.
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Esperamos repetir a experiência, estão a ser feitos contactos com outras escolas para alargar a outros jovens e professores. Com estes exercícios extra-currículo escolar abrem-se possibilidades de formação recíproca, troca de ideias que levam todos os participantes a aumentar o seu intento criativo, tão necessário para a capacidade de resposta do individuo no mundo dinâmico em que vivemos.
Agradecimentos aos professores Leonor Serpa Branco, Ana Teresa Fialho e Jorge Firmino, também à professora Cristina Maia pelo olhar fotográfico e a todos os alunos que colaboraram, à Susana Russo e à Divisão de Educação da Câmara Municipal de Évora.
Foi um projeto organizado no seguimento do trabalho da OFICINA•DO•ESPIRITO – coletivo de artistas, na minha pessoa e do Feliciano de Mira.
Documento auxiliar:
OE-ArtesaEscola2019_docs.apoio
- OFICINA•DO•ESPIRITO